Ontem o dia foi difícil. Aliás todo o fim-de-semana foi difícil! Fala quem trabalha indiscriminadamente durante a semana de sete dias… O trabalho não foi fácil, ou seja, não foi mais um dia! Mal tive tempo para comer… Chegar a casa não foi mais fácil. Neste momento é o que tenho – uma casa – apenas isso. Simples paredes vazias e recheadas da minha presença no seu interior, sem vestígios de outrem. É difícil chegar a casa e não ter nada à nossa espera à excepção de uma cama com lençóis frios, não que não saibam bem neste tempo de calor, mas o calor humano e o calor do amor, sabem bem melhor!

Não aguentei e liguei-te. A opressão saudosa do coração levou-me a isso. O que tive de ti foi uma voz distante através do contacto frio e metálico do telemóvel. Mas também distante em sentimentos e afectos me pareces. Dizes não ter paciência, demasiados problemas, até não teres vontade de mim e, por vezes, nem de ti mesmo… Eu percebo! Mas sofro com isso. Sofro com as palavras que racionalmente compreendo mas o coração aperta-se mais um pouco quando as sente na tua boca, mesmo à distância… Acabei por dizer o que não devia. Por vezes não consigo mais manter a minha capa de quem apoia cegamente! Também erro. Mas é um erro por desconhecido, não sei como viver contigo e com o amor que sinto por ti!

Perdi-me nas tuas recordações antes de adormecer. Na última viagem que fizemos apoiei a minha cabeça no teu ombro. Em reposta sincera, eu senti-o, deste-me um beijo no cabelo e deixas-te descansar a tua cabeça sobre a minha… Senti-me feliz nesse momento…

… Preciso de coisas fofas… Valha-me as bolachas com
chocolate…

Estive hoje na formatura dos meus afilhados de faculdade. Para quem não sabe são os estudantes que entram no ano a seguir ao nosso na faculdade, pelo menos na minha ex-escola. É um momento muito emotivo e para mim reflexivo…

… Fiquei a perguntar-me se a vida toma o seu rumo próprio ou se somos nós que damos o próprio rumo à vida! Sei que não chegarei à resposta, motivo pelo qual muitas das vezes não gosto de debater ideias, porém não paro de pensar nisso.

Sou alguém que acredita no fado e no destino encerrado nas coincidentes coincidências da vida. Acredito em algo mais para lá de nós mortais. Acho, por vezes, que somos demais insignificantes na infinitude do universo… Mas nem assim a vida se torna, para mim, mais fácil de encarar e levar!

Sofri desde cedo com o melodrama familiar. Tirei um curso que sabia, à partida não gostar. Em consequência, comecei uma profissão que não gosto. Vivi uma vida na mentira dos outros criando a minha própria mentira na consciente verdade de mim e da minha orientação sexual. Conheci muitas coisas tarde, uma delas, o amor. Quando este surgiu na minha vida, peço mais, não em quantidade mas em qualidade…

Sinto muitas vezes que a vida seria muito mais fácil se colocássemos anúncios em jornais e mediante as respostas escolhíamos a alternativa que mais nos convinha. Que tal: Procura-se a profissão dos meus sonhos?; ou Procura-se a família ideal para adoptar jovem interessado?; ainda Procura-se o amor que me faça feliz todos os dias da minha vida?; ou mesmo Procura-se a vida que sempre quis, se alguém sabe do seu paradeiro é favor de contactar para 9xxxxxxxx!.

Em verdade tenho que assumir que é pouco, muito pouco mesmo, para não dizer nada (pois não gosto de ser radical), aquilo que me arrependo na minha vida. Hoje, tenho a sorte de estar a trabalhar na área que cursei, ao contrário de muitos. Tenho a minha independência completa: financeira, pessoal e intelectual. Continuo a levar com os dramas familiares (há coisas que não mudam nunca). Assumi-me às pessoas que senti necessidade de o fazer. Tenho um namorado. Porém não sou feliz com o rumo da minha vida… Talvez seja eu o eterno descontente. Podem acusar-me disso. Eu próprio me acuso disso por vezes… Mas acabo sempre a pensar: não tenho o direito de ser feliz?




Uma das coisas que mais preso na vida é a amizade, porém acho-me por vezes incapaz de ser verdadeiro amigo de alguém… Sei ouvir e escutar, sei acompanhar e estar presente, com ele e por ele, mas… sou demais complicado e problemático para conseguir dizer a palavra certa que ajude e seja o que quer ele ouvir…
Posso ser ousado em chamar-te amigo, se o estiver a ser desculpa-me. Mas sei que és um grande homem, uma linda pessoa, uma alma única e inigualável e por vezes esqueces-te disso ou teimas em não acreditar em ti mesmo. Acredito que a luz do sol é o teu caminho e o sorriso das estrelas a expressão da tua alegria… e desejo vê-la sempre no teu rosto e na tua vida.
Sê feliz por mim e para mim, mas acima de tudo, por ti e para ti. És fixe, rapaz fixe…

Para ti novo amigo e para vocês amigos de sempre… e para sempre, Sejam os heróis das vossas vidas!


Tantos dias que pensei em ti e no desejo de te ter, comigo, para sempre, mesmo antes de saber que te teria, mesmo antes de te conhecer. Agora tenho-te. Sei o que é sentir-te, tocar-te, beijar-te, ter-te dentro de mim. Sei o que é ser amado por ti, desejado por ti. Agora sei o que é amar, sei o que é sentir-me tão ligado a alguém que a minha vida quase parece depender da tua. Sinto-me existir apenas porque existes e isso basta-me!

Simplesmente Amo-te.

Amo-te na diferença que nos distingue e na igualdade que nos une. Amo-te no verão e no inverso, quando faz sal ou quando chove. Amo-te quando dizes que me amas e amo-te quando o esqueces de dizer por palavras. Amo-te quando és tu mesmo e também te amo quando te esqueces de seres tu mesmo…

Simplesmente Amo-te.

Mas… tenho que te amar na ausência. Tenho que te amar na distância do teu beijo, do teu toque, do teu corpo, do teu perfume, da beleza do teu sexo, da intensidade do teu olhar, das palavras sussurradas ao ouvido… Tenho que te amar sem data e sem prazo, aproveitando de ti, o máximo que consiga, até à próxima vez em que te terei, incerta e longínqua. Tenho que amar-te…

E simplesmente Amo-te porque, hoje, já não sei fazer mais nada a não ser amar-te. E porque se me pergunto se verdadeiramente te amo, a saudade atroz e agudizante que sinto de ti e por ti no meu coração me relembra que sim, sim e sim, intensa e (quase)desesperadamente, todos os dias da minha vida. E por te amar apenas peço forças para conseguir fazê-lo e continuar a fazê-lo na distância que nos separa e, ainda assim, ajudar-te, sempre que precisares e mo permitires fazer…


Nos dias em que fico por casa dá para me perder em memórias passadas… Deu-me hoje para lembrar o meu primeiro beijo. Não um beijo qualquer mas aquele beijo com o homem que promete ser, naquele momento, o homem dos nossos sonhos, o que coincidiu, no meu caso, com o meu primeiro beijo a um homem.

Conhecemo-nos pela net e, num dia planeado, encontramo-nos. Há noite, no jardim de uma bela cidade ribatejana, junto ao rio. Levava na mão uma rosa vermelha. Ousado para conhecer um (quase)desconhecido. Foi a forma mais fácil que encontramos de distinguir a tão comum descrição de homem de calça de ganga e blaser preto…

Os nervos eram muitos. As dúvidas surgiram na espera. Mas nem medos nem dúvidas me assombraram quando o vi, a caminhar para mim. O sorriso cúmplice de quem sabia o que ali fazíamos foi por mim retribuído. De dentro da camisola retirou a flor, flor do mato selvagem em beleza e fragrância. Estavam expostas as nossas diferenças. Eu, com uma delicada rosa vermelha à vista de todos, Ele, com uma bela flor selvagem escondida de todos. Não aconteceu aí - o beijo. Aí quebramos a barreira do contacto entre dois (quase)desconhecidos. Pouco tempo demoramos ao som lento das águas do rio. A partir desse momento seria surpreendido. Eu decidi o encontro Ele decidiu o programa…

Encaminhamo-nos para o carro dele. As conversas ainda tímidas. Enfrentávamos ambos a barreira pessoal bem mais difícil do que manter uma conversa por mail, sms ou mesmo chamada telefónica. A viagem foi rápida e o destino imprevisível, para mim. Chegamos à garagem do prédio dele. Parou o carro, retirou a chave e no momento seguinte encaminhava os seus lábios com destino aos meus. Sou sincero ao admitir que numa fracção de segundos me perguntei o que queria! Inocência da primeira vez… Beijamo-nos. Intensamente e ardentemente, pelo menos para mim…

Só depois me apercebi do que me tinha acontecido: o beijo com que sempre desejei. O beijo de um homem. O beijo com desejo e paixão. O beijo… quente, a sensação de invasão e invasor de nós e do outro, o toque húmido e sensual dos lábios, da língua… a certeza do tão desejado e finalmente conseguido. Foi bom, muito bom o meu primeiro beijo…

O resto??? Fica para depois…




Já vinha sendo tempo das sugestões e a escolha foi fácil. Vi recentemente este filme e depressa o intitulei como um dos melhores filmes que alguma vez vi. É um filme sobre música, a força da música, mas sobretudo, sobre a força do que verdadeiramente acreditamos como conficção na nossa vida. Sou um apaixonado por bandas sonoras e esta é absolutamente deliciosa. Recomendo vivamente que vejam, apreciem e deixem-se levar pela música das vossas vidas...



Estou de luto.
Sempre que passo por um velório surgem-me demasiadas perguntas. Sempre que passo pela morte ponho em causa a vida e o caminho que esta - a minha vida - toma. Ontém perdi a minha avó. Perdi-a para sempre e é isso que mais me doi. O momento em que tomamos consciência de que nada volta a trás. Nada do que se passou poderá repetir-se. A pessoa que sempre esteve presente, não o estará mais. Fez uma viagem. De ida. Sem volta.

E agora?
Como vivemos sem alguém que faz parte de nós? O que fazer nos momentos que estava com ela? Onde por a saudade, o amor, a tristeza... até quando deixar cair a lágrima? Ao longo da vida tenho perdido pessoas, algumas sem retorno. Porém, acho que não estou a conseguir pessoas, na vida, com capacidade de reposição das perdas... estou a ficar em saldo negativo!!!

Senti falta...
Senti hoje a falta do braço masculino que me envolvesse na minha dor. Do beijo suave no cabelo e da palavra vã, ainda assim, recompensadora, para tranquilizar o que não se tranquiliza... Senti-me, triste e só.

Acredito porém que melhores dias virão. Temos mesmo que acreditar, não é?

Até sempre querida avó......



"Ama e faz o que quiseres.

Se calares, calarás com amor;

se gritares, gritarás com amor;

se corrigires, corrigirás com amor;

se perdoares, perdoarás com amor.

Se tiveres o amor enraizado em ti,

nenhuma coisa senão o amor serão os teus frutos."


Santo Agostinho




Durante este fim-de-semana estive num campo de férias para jovens diabéticos. Foi o meu primeiro campo de férias. Nunca fui criança de me entrosar facilmente no meio de desconhecidos e também nunca fui muito sociável devido a algumas condicionantes de vida. A experiência foi enriquecedora e gratificante. É certo que hoje, adulto e em trabalho, a realidade é diferente.

O curioso é que muitas questões internas me surgiram. Não só em relação a mim mesmo no passado e presente como em relação a todos os jovens que lá estavam. As idades variavam e, tanto rapazes como raparigas, partilhavam o dia em actividades e convívio. Alguns já se conheciam outros, novos, viviam a experiência e as pessoas pela primeira vez.

Em tudo o que mais pensei e observei foi a descriminação que surge em idades tão precoces. A discriminação pela minoria, pela novidade, até mesmo pela inocência e desconhecimento. Depressa pensei na sexualidade de todos aqueles jovens. Pergunto-me quantos não viverão mal a sua sexualidade por falta de acompanhamento, por medo e repressão, até mesmo de si para si mesmo. Quantos não se sentirão frustrados com a sua vida por falta de coragem, quantos não fingirão ser o que não são para poderem prosseguir o seu caminho e quantos terão a coragem para enfrentar tudo e todos e caminharem pela verdade de quem são: gays, lésbicas, bissexuais ou transexuais.

O acompanhamento social não existe. A discussão da sexualidade é discutível. A que existe é ainda muito retrógrada. Não se fala abertamente e sem preconceito de orientação sexual, não como opção, mas como realidade natural.

Espero um dia ver essa sociedade…

PS: fica a foto do paraíso onde estivemos.



Eu sou... Gay!

Afirmação aceite e seguem-se as dificuldades... viver com essa realidade, com parte do que somos e nos define!

Sou mais um Homossexual que vive (ou tenta viver) a sua vida, convicto que sou apenas mais uma pessoa no Mundo, mais uma vida no Universo. Convicto que a orientação sexual é tão demais precoce e profundamente definida no nosso íntimo que não pode, já mais, ser contestada por outrem. Convicto de que não sou diferente, não posso ser diferente, pois a igualdade não existe entre as pessoas, entidades únicas e inigualáveis. Convicto que a descriminação não deverá acontecer, muito menos nas minorias, pois apenas enfraquece o contexto social, afinal, perfeição apenas se alcança na complementaridade natural de tudo o que existe…

… Contudo, aceitar a Homossexualidade é aceitarmo-nos a nós mesmos para podermos conviver com os outros na verdade do que somos. Como tal, estou convicto de que deve, em primeiro lugar, partir de cada um de nós.

Este, é mais um Blog, com histórias sobre uma vida de mais uma pessoa – um Blog sobre mim. Acredito no entanto na possibilidade de muito do que retratar aqui, possa ser ou ter sido vivido, sentido, pensado, desejado por quem o ler. Ao partilhar um pouco de mim creio conseguir um pequeno lugar no mundo um pouco melhor e em mim, um grande lugar um pouco maior… porque todos os dias são uma luta em que por vezes vencemos, por vezes somos vencidos, mas sempre crescemos!

Este Blog é mais um começo para mim…


About this blog

É mais um Blog de um Homossexual que vive (ou tenta viver) a sua vida. Alguém convicto que a orientação sexual não é uma escolha, que não sou diferente e como tal a descriminação não faz sentido... Será que ainda posso acreditar no Pai Natal??!!

Os que andam por aqui...