Ler um livro é viver uma história que se funde com a nossa vida. Uma historia que dura enquanto durar a leitura. No final, o livro termina mas a vida continua…

Tenho andado ausente do blog e até um pouco da minha vida. Estou a empreender um esforço pessoal para me devolver a mim e à minha vida após o duro golpe que sofri. Se houver certo ou errado no amor, assumo que amei a pessoa errada.

Estou neste momento de férias, com família, numa diversão, por vezes quase forçada, e numa tranquilidade que abunda por estes sítios, aproveitando, ou tentando fazê-lo, nestes dias de calor. É-me por vezes difícil distanciar-me do passado e da dor que ainda sinto… Tenho-me refugiado no que me dá alguma satisfação: amigos, novos e antigos, lindos desconhecidos, passeios e aventuras, musica e leitura…

Terminei hoje um livro, o livro que aqui apresento, que me marcou. Principalmente porque fala de pessoas, mas acima de tudo porque fala de forma nua e crua, da humanidade das pessoas. No seu bom, menos bom e mau que todos temos. Nos que assumimos, escondemos, tememos e enfrentamos e, acima de tudo, nas perspectivas como cada um entende cada qual e com cada qual vive e deixa ser vivido… Senti muito do que li. Li muito do que senti e sinto nestes últimos tempos.

Ficou-me a grande questão: valerá amar e passar por tudo ou viver uma vida sem amar? Seja como for… Carpe Diem!?


Este é um blog recém-nascido e em pouco tempo abandonado. Sendo algo que criei que espelha o reflexo de mim e da minha vida este abandono foi a única coisa que consegui nestes últimos tempos fazer. Para que percebam abaixo fica a história, mais ou menos detalhada. Espero que a partilha me faça bem e me ajuda a superar, a esquecer ou a alguma coisa que não sei bem o que.


Tinha um namorado, como já disse em antigos post’s. Digo, tinha porque acabámos o namoro: não percebi se de forma mútua, se fui eu ou se foi ele. Apenas sei que acabou e quanto a isso não há dúvidas de parte alguma.

Durante muito tempo desejei profundamente amar alguém. Cheguei a pensar não conseguir fazê-lo por qualquer problema meu. Porém, um dia percebi que se não fosse eu a procurá-lo, o meu príncipe não surgiria na minha vida. Foi o que fiz. Procurei e encontrei alguém. Encontrei-o a ele. Sei hoje que estaria longe de ser o meu príncipe, mas no inicio nada revelava o contrário. Ou talvez tudo o revelasse e eu louco de desejo e paixão não o quisesse ver!

A ele me entreguei de corpo e alma e, podem não acreditar, mas sinto que de alguma forma, também ele se entregou a mim. Foi com ele a minha primeira vez e foi boa, muito boa. De um momento para o outro tinha tudo o que sempre sonhei! Talvez as coisas tenham andado depressa de mais, mas, o que sempre pedi foi sinceridade. Hoje sei que foi aquilo que nunca tive.

Como em qualquer relação, o princípio é fácil. A entrega a loucura embriagadas na exploração um do outro. O problema está mesmo em manter a linha de intimidade que se vai enraizando entre ambos e, cada vez mais, tornando numa só. Os problemas começaram aí. Ele não estava disposto a isso. Não estava disposto a deixar-me ser parte da sua vida, de alguma forma. Doía-me sabê-lo, ainda assim aguentava porque o amava.

Pouco estávamos juntos, apenas falávamos ao telefone. Ele alegava ter uma vida complicada, eu alegava sentir falta dele. Acabávamos por discutir e desligar. Conquistamos proximidade que se desfazia à medida que nós nos afastávamos um do outro. Inesperadamente, ele deixou de me atender o telefone. Nunca pensei que tal coisa me acontecesse mas quase me afundei na minha vida. Nunca pensei sentir tanta necessidade de alguém, como sentia dele. Pensei de tudo o que me foi possível pensar. Dois dias depois ele manda uma estranha mensagem a pedir-me espaço. Eu estava de rastos. De rastos fiquei e a juntar a isso confuso: como e que alguém pede a espaço à pessoa que ama por ter a vida complicada? Pareceu-me um contra-censo. Esperei. Dois dias mais tarde mandei sms. Ele respondeu. As coisas pioraram. Era frio e distante nas palavras que utilizava, não dava explicações e chegava mesmo a fazer ameaças não específicas.

Um dia mais tarde, não aguentei. Vivia a minha vida equilibrado numa corda sem saber se me deixava cair ou se alguém me iria estender a mão. Fui ter com ele ao trabalho. Recebeu-me bem e fomos falar num café. Ele diz-me que eu o conhecia e que sabia que ele não gostava de pressão ou prisão e que eu lhe estava a dar essas duas coisas. Não percebi o que me dizia. Apenas sabia, ou melhor, sentia que gostava dele. Estava tão feliz por pelo menos o ver! Depois da conversa estava disposto a perdoar aquilo que ele fez acreditar ser o meu erro para poder continuar a tê-lo. Acabamos de conversar mas sentia que a conversa ainda não tinha chegado ao fim. O que fazer? Ele tinha que ir trabalhar. Pedi-lhe então para ir para casa dele esperar por ele. Aceitou.

Em casa dele sentei-me na sala a ver tv e a fazer sopa de letras das publicidades. Pensava em como podia eu mudar para ele. O que podia eu adaptar da minha vida para lhe agradar mais… estúpido que fui! Enquanto esperava na sala, no quarto um telemóvel tocou. Uma mensagem. Sabia não ser meu. Sabia ser o telemóvel dele. Aquele por onde falávamos. Aquele que antigamente ele usava para marcar encontros fortuitos mas frequentes. Algo me disse para ir até ao quarto. Perdido em pensamentos dirigi-me ao telemóvel. Junto dele, pousado distraidamente sobre a cómoda, estava uma factura. Datava do último fim-de-semana que tínhamos falado e provava que ele esteve em Lisboa numa sauna gay! Nesse momento tudo ficou claro para mim. De repente tudo fez um atroz e horrendo sentido. Não me orgulho do que fiz, não sou assim, mas vasculhei então toda a casa dele, telemóveis e intimidade. Muitas vezes fiquei em casa dele sozinho. Nunca tinha tocado em nada. Sempre confiei e acreditei nele e no que me dizia. Fui ingénuo. A partir daquele momento deixei de o fazer.

Conclusões? Omitiu-me o facto de ter sido casado e se ter divorciado, talvez até o facto de ter filhos. Enganou-me mantendo encontros com rapazes há pelo menos 1 mês, pela data da mensagem mais antiga. Talvez até à mais tempo. Encontros em que foi ele que procurou, não foi procurado. Quantas vezes quando falávamos à noite e ele me dizia ser fiel e amar não ia ter com um qualquer desconhecido para uma rápida entrega ao prazer carnal. Mentiu-me dizendo que nunca levava ninguém para casa dele e as embalagens de preservativos estavam lá, no lixo do wc…

Quando chegou confrontei-o directamente. Limitou-se a mandar-me sair da sua casa. Sem explicações. Limitei-me a dizer que o faria e para sempre.


Pergunto-me hoje se ele algum dia gostou de mim, de alguma forma, que não sexual. Dói-me pensar que alguém levou a que o amasse e me entregasse a ele apenas para me usar e enganar. Porém, sei que ele se abriu demais comigo. Mostrou-me a sua vida, na quase totalidade e desvendou-me os seus medos. Não compreendo essa incongruência!
Estou a tentar sobreviver a esta fria punhalada bem no fundo do meu coração. Não está a ser fácil e sou sincero que não sei se conseguirei mas estou a esforçar-me… Talvez melhores dias virão?!

About this blog

É mais um Blog de um Homossexual que vive (ou tenta viver) a sua vida. Alguém convicto que a orientação sexual não é uma escolha, que não sou diferente e como tal a descriminação não faz sentido... Será que ainda posso acreditar no Pai Natal??!!

Os que andam por aqui...