A condição humana atribuí-nos a estranha capacidade de amar. Esta, pode ser tão benéfica quanto maléfica para quem a vivência. Muito mais forte que a vivência do amor é a desilusão em quem e por quem se ama, mais até que o amor não correspondido. E estranho é, este sentimento, que imperceptivelmente se apodera de nós, da nossa identidade, comandando o nosso coração, qual motor vital da máquina que é o corpo e da existência que passa, a partir de então, a ter um propósito e a vivê-lo como sua razão de existência como se antes, apenas vivesse na expectativa eterna e insondável de tal acontecimento. Pior é, que a memória associada a essa estranha capacidade de amar, crie uma memória sentimental sem volta. O amor marca o coração e a mente, como cicatriz de ferro em brasa, de forma permanente com durabilidade indefinida mas a tender para o eterno na nossa duração.

A inevitável ida à terra trouxe consigo o reviver de memórias que a distância ajuda a reter no fundo do coração. Ao percorrer os caminhos que antes solitários (com vontade de amar) e depois nossos (amando), o coração, até aqui adormecido, despertou, mais ainda, quando numa esquina surge alguém cuja fisionomia, à primeira vista, se aproximava dos teus traços. O coração disparou e fez-me parar. O sentimento, contudo, mudou. Não senti ódio, não senti amor. Não senti saudade mas senti angústia de ver algo que, conscientemente, sei não querer ver, mesmo que a imaginação corra e me leve, por vezes, até esse encontro que não quero que aconteça.

Percebi a vontade e desejo que tenho de esquecimento. Agarro-me à percepção de vida errada para que caminhava. Certeza constante de desconforto e desconexão de vidas. Nem tudo são rosas… e quero esquecer. Porém, sinto-me preso ao que vivi pela memória emocional que não escolhi seleccionar, porém, certo que se escolhesse, sem antevisão do futuro, a escolheria, crente na continuidade do que se crê ser duradoiro no inicio de uma relação. Percebi, de forma clara e inequívoca, a vontade que tenho em lembrar-me, todos os dias, de te esquecer. Se esquecer-te não for possível, lembrar-me-ei de o fazer todos os dias. Até um dia, em que a tua lembrança seja apenas mais uma lembrança recôndita na memória do coração. Não sei o que guardarei de ti: se os momentos bons ou os momentos maus. Porém estou certo que me acompanharás para sempre. Apenas e se necessário, para sempre, me lembrar de te esquecer.



7 o(s) que dizem:

Foi uma experiência, uma recordação latente que ficará e assombrará ocasionalmente até encontrares alguém que verdadeiramente ames! :)

Muito bom este texto...
Esquecerás definitivamente quando encontrares a pessoa certa.
Até lá, vais reaprendendo a viver, pois tira-se sempre algo de positivo para o futuro, mesmo doendo, do final de um relacionamento.
Abraço.

Vais guardar os bons e os maus momentos...sempre na esperança k s repitam mas principalmente vais guardar o medo d voltar a sofrer.
nao existem pessoas perfeitas e a k conheces mais perto da perfeiçao nunca escreve nada k th jeito... aiii patricia es tao convencida...lol
bjusss vou ficar a espr de um certo post.
um dia, prometo k vou escrever algo util ;)

Fantástico o texto...Depois de o lêr, resta-me deixar-te uma frase de uma excelente música da Mariza “As coisas vulgares que há na vida, não deixam saudade, só as lembranças que doem ou fazem sorrir…”
Quanto à musica actual no meu blog é do Porter - Surround me with your love .
abraço forte

eu discordo. Acho que a memória dele nunca será apagada por outra pessoa mas o sentimento perderá naturalmente força. Abraço

fofo... tás a passar por uma fase de catarse... (esta foi à Lili Caneças)

olha gostei do texto... muito!

estamos todos contigo, porque és muito importante nos nossos cantinhos... porque és humano a 100%.
(não sei porque disse isto, mas talvez tu saibas)

abraço

então... não dás sinal de vida???

About this blog

É mais um Blog de um Homossexual que vive (ou tenta viver) a sua vida. Alguém convicto que a orientação sexual não é uma escolha, que não sou diferente e como tal a descriminação não faz sentido... Será que ainda posso acreditar no Pai Natal??!!

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