Seria bom acreditar na mudança advinda da passagem do ano. Sentir que, no tempo constrito em que os relógios marcam às exactas 00:00, algo em nós muda na certeza de que tudo será melhor ou tão bom como até então. Algo que a partir da etapa simbólica de uma hora que expressa o nada – começo do tudo – nos permitisse a nós mesmos começar ou recomeçar o que vivemos ontem, vivemos hoje para podermos viver o amanhã não simplesmente vivendo, mais sim, sendo felizes na sua vivencia.

Porém, afogueados pela preparação e ansiosos pelo momento, perdemos os últimos instantes do ano entre contagens de passas, subidas a cadeiras e sofás, verificação da roupa nova, das cuecas azuis, do soutien vermelho, de um sem número de supérfluas superstições. Chegada a contagem decrescente tudo acontece depressa de mais e no final, já sem passas na mão, já no chão, ouvem-se as garrafas de champanhe a abrir e os copos a encher enquanto vamos cumprimentando todos com os votos sinceros, dizemos nós e eles, daquilo que tanto esperámos mas que nos esquecemos até aqui, e eis que brindamos e bebemos. E é então que sentimos o frio gélido que vem da janela aberta, de forma propositada para a entrada do novo ano, e nos apercebemos que tudo permanece igual e nada mudou. Somos nós e a vida, a mesma vida de antes, a mesma vida de sempre. Desvanecesse o sorriso, cai a farsa e ficamos nós, nus e crus perante aquilo que a nossa consciência e o nosso coração nos permite ver.

Este é o momento. Este retorno há percepção dura e real de nós mesmos permite-nos perceber o que para lá dos desejos, realmente temos necessidade que mude e se altere em prol da menor infelicidade merecida. A mudança essa, não eufemizada, é o mais difícil de concretizar, mas possível se a isso nos propusermos. É tudo um jogo de possibilidades entre os ganhos e perdas daquilo que somos e temos em personalidade e pessoa com o objectivo máximo não de sermos felizes, mas sim, sermos menos infelizes, pois a felicidade desvanecesse na impossibilidade de concretização face a complexidade e imprevisibilidade do ser humano.

É aqui que peço força e dedicação para a concretização da mudança. Mudar o que sei estar mal permitindo endireitar os caminhos tomados. Saber aproveitar a sorte que surge nos momentos em que a vida nos sorri e nos ajuda a levantar e seguir em frente. Não podemos mudar nada do que já construímos no tempo que passou mas podemos sempre construir algo de melhor no tempo que virá.

Boas construções a todos e a mim em todos os dias do ano 2010…

2 o(s) que dizem:

Agarro esses desejos (que bem preciso deles!) e retribuo-os, esperando que 2010 te traga o que desejas!
Abraço

Um bom ano para ti.
Abraço.

About this blog

É mais um Blog de um Homossexual que vive (ou tenta viver) a sua vida. Alguém convicto que a orientação sexual não é uma escolha, que não sou diferente e como tal a descriminação não faz sentido... Será que ainda posso acreditar no Pai Natal??!!

Os que andam por aqui...