Reli Vagabundos de Nós, de Daniel Sampaio. Foi um dos primeiros livros abordando a temática da homossexualidade que li na minha adolescência. Passaram já alguns bons aninhos desde que o tinha feito e apenas me recordava de ter gostado do livro. Recordava-me, vagamente, de algum choque sobre o que lia. Até de algum estranho receio de o ler. Mas, em boa verdade, pouco mais me conseguia lembrar. Tinha sublimado ao esquecimento o livro sem perceber o porque. Reavivada a memória percebo.

O livro consegue ter o traçar o caminho real da realidade daqueles que partilham esta orientação sexual. A sua escrita não se foca. Não é para nós. Não é para eles. Destina-se a todos. A identificação com as personagens ficcionais assusta quem lê. Obviamente que falo em nome pessoal. Mas atrevo-me a generalizar a muitos de vós, contendo-me para não dizer todos vós.

Os medos, receios, as angustias e a solidão. A diferença e a percepção da diferença. Os primeiros passos em perceber, assumir de nós para nós ou não querer perceber e assim fugir de nós mesmos. As primeiras experiências… Uma vida como tantas vidas. "Vagabundos da nossa condição". Brilhante a expressão.

Vivemos como vagabundos num mundo que não nos quer incluir. Em que não é dada a opção de viver. E, desde muitos cedo, temos que lidar com a nossa diferença e com dança e balanço vivermos ou sobrevivermos. Culpados os outros mas também nós. Nós, que por medo, receio e angustia, vestimos essa pele de vagabundos em nós e de nós. Nos escondemos e evitamos demonstra
r aos outros a homossexualidade como realidade presente e comum a todos.

Curioso mas francamente verdadeiro, uma das problemáticas que mais me incomodam, Daniel Sampaio escreve, já quase no final do livro e também quase despercebido e pouco aprofundado: “a homossexualidade não é doença mas uma opção, onde esteve a alternativa no meu caso?”. Será que quem o diz não para dois segundos para pensar? Quem, no seu juízo perfeito, escolheria, se a escolha fosse possível, o caminho mais difícil? Aquele sem destino certo, com dor, sofrimento, descriminação e incerteza a cada curva… Não, desengane-se quem o diz. Não é uma
escolha! É sim uma verdade. A dura verdade que cabe em cada um de nós.

E vivendo, sendo eu como sou, não perco a esperança de que um dia “em silêncio me demoro a olhar para ele, no seu olhar revejo o mar em frente da casa abandonada” paraíso da minha alma.

Uma das músicas que se ouviu no final da noite

... caí na cama e adormeci! O dia foi longo, muito longo, e estranho, muito estranho, ou melhor, deu-me mais uma vez que pensar, como tem acontecido com muita coisa nestes últimos tempos. Mas passo a explicar-me.

Anteontem à noite estive em auxílio de uma amiga. Inicio de namoro é complicado e juntou-se uma pequena zanga, um tempo de espera e ela acabou por ficar em minha casa até eu não aguentar mais e ter que me deitar. A partir daí lá foi ter com o seu príncipe que espero, por ela, que seja real sem falsos encantados.

Dei-me finalmente aos meus lençóis de corpo e alma. Umas (poucas) horas depois o despertador tocou. Seguiu-se o trabalhinho das 8h as 22:30h. Porém, o descanso merecido do guerreiro ficou adiado com um convite dos colegas para uns copos. Afinal de contas era sábado à noite…

Admito que um pouco reticente lá aceitei o convite. Passei rapidamente por casa para mudar de roupa e lá fomos ao encontro do grupo seguindo para a noitinha…

Bom, em breve suma, seguiu-se Porão de Santos, Number Two, Porão de Santos (again) e terminamos a noite no The Loft. Resultado: cheguei a casa passavam das 7horas, depois de uma directa e com algumas coisas na cabeça.

Chamem-me o que quiserem. Admito que a diferença está em mim, face à maioria, mas o segredo de cada um de nós reside na nossa individualidade. Por isso mesmo, admito que eu e o mundo da noite não ligamos muito bem! Á todo um rito, quase que devoção, que me escapa e passa ao lado, principalmente a continuidade e sistema com que muitos o fazem.

Foram poucas as horas mas o que vi chegou para me relembrar do porque é que não o faço mais vezes. Gosto de dançar, ou melhor, gosto de me abanar ao som da música, de vez em quando. É uma forma de libertar tensões acumuladas, principalmente se em boa companhia.

Mas aquilo que encontro é um ambiente onde mal me consigo mexer, em que o som, quase que deixa de ser música e passa a ser dominada pela batita, pelo remix, e pela monotonia. Das duas, uma: ou a companhia é mesmo muito boa e tu não a largas (fisicamente claro) ou então é para esquecer porque se torna impossível falares com alguém!

Depois, acabas por te refugiares no teu amigo mais próximo: o copo da bebida. Não sou fanático por álcool e não o consumo constantemente, porém também não tenho qualquer problema com ele. Nunca estive verdadeiramente bêbado e não tenciono estar. Por outro lado, não consigo entender a necessidade que muitos têm desse estado fora de si mesmos! Para mim não passa de uma forma de serem alguém diferente do que verdadeiramente são sem o conseguirem de forma sóbria e conscientes de si… Isto não é uma filosofia barata e acima de tudo não é um juízo, espero portanto que não levem a mal, pois consiste apenas na minha opinião. Ninguém fica bêbado sem consciência de que o faz. Pergunto-me por isso porque não pára antes?

Em consequência vêm-se coisas como: pancadarias, brigas, vómitos, zangas… tudo recheou a noite. Actos que muitos terão para se arrepender mais tarde…

Assumo a minha culpa: sou diferente. Não me identifico com nada disso. E quando no final da noite me perguntaram se voltaria a ir a resposta ficou em aberto e não podia ser de outra forma.

Gosto de estar com os meus amigos, os verdadeiros, cada vez mais raros. Gosto de os ouvir e de ser ouvido por eles, estar confortável, ter uma boa bebida comigo, melhor comida se possível. Brincar, sorrir conversar, dançar, e no final da noite ou a qualquer altura dela chegar a casa com um sorriso, o corpo cansado e fechar os olhos no aconchego dos meus lençóis com a consciência de que sou eu e nunca deixei de o ser…

Chegou, aconteceu e terminou... E foi só um fim-de-semana! Estou a falar da pequena visita que fiz ao pais vizinho, nomeadamente à sua Capital - Madrid.

Entre muitas horas de espera no aeroporto de lisboa na sexta-feira (dia em que o céu resolveu desabar sobre a cidade) lá conseguimos embarcar e xegar ao destino, mesmo sendo 3 da manha do dia seguinte. Seguiu-se um sábado madrileno bem chuvoso mas nada que nos tenha detido! Domingo fomos presenteados com belos raios de sol a aquecer as ruas e pessoas. E de regresso a terras lusas, vá de esperar mais umas quantas horas pelos aviões da Easyjet que pelos vistos a muito deviam estar extintos e carbonizados! Aviso a todos os interessados: não arrisquem viajar na Easyjet!!!

A cidade é bonita e recomenda-se. Limpa e solarenga. Espaçosa e verdejante. Transpira cultura e beleza arquitectónica a cada esquina.

Devo confessar que fiquei chocado com a pergunta constate: "São Brasileiros?". Mas será que está tudo doido? Não é perceptível a diferença entre Português de Portugal e Brasileiro? Esta bem que temos um acordo ortográfico que, sabe-se lá porque, esqueceu-se da língua mãe. Mas as diferenças são claras... ou não...

Outra coisa que me fez alguns macacos na cabeça foi a moda por aqueles lados. Acreditem ou não, não pus os olhos numa Zara! Eles vestem-se, em minha opinião muito mal. E à noite, há um estranho código que impede as meninas de teram alguma coisa abaixo da cintura, pelo que a indumentária fica assim restrita a camisolas compridas ou cintos largos...


Casino Madrid


Plaza de España

Foi escapadinha de última hora, mas valeu a pena. A fomosa estátua de homenagem a Miguel de Cervantes - Don Quijote


Palacio Real

As filas eram enormes por isso a visita ao seu interior fica para uma próxima vez... Com alguma pena pois aparenta ser belissimo...


Catedral de la Almudena


Plaza Mayor
Devo admitir que esta praça foi das coisas que mais gostei. O espirito e beleza que ali se vive são fantásticos. Ao contrário da nossa grande Praça do Comércio aquele espaço vive e torna-se vivo o que o realça... Acima uma bela pintura da praça. As minhas desculpas ao autor pela foto.


Plaza de la Cibeles
À noite tem uma magia diferente;)


Parque del Retiro


Parque del Retiro - Estanque


Parque del Retiro - Palacio de Cristal


Parque del Retiro - Fuente de la Alcachofa


Parque del Retiro - Passeo de las Estatuas
Um lugar fenomenal. Ideal para passar uma tarde num dia de sol e calor. Verde e espaçoso, salpintado com pequenos momentos de cultura para ver e admirar. O palácio de cristal ja remodelado esta fantático e o tanque oferece uma bonita imagem a quem passa. Os pássaros, esses grandes abusadores, oferece-lhes um pão e eles pedem logo a mão...;)


Hard Rock Café Madrid
Tenho que admitir que foi das maiores desilusões. Não está tão bem situado que o nosso e nao cresce em altura mas sim afunda para a cave. Um espaço pequeno para o número de habitantes de Madrid. Para além disso escuro e sem grandes atrações. Nós temos um carro no tecto eles têm uma motita na cave... Tivemos mais de 1:30 à espera de mesa...


Metrópolis


Paseo del Prado
Avenida onde se situa o triangulo das artes com os três principais museus nos seus vértices. um passeo fantástico em dia de sol.


Museo del Prado


Centro de Arte Reina Sofia
A Guernica - Pablo Picasso
Estava em pulgas para o conhecer e fiquei boquiaberto com o tamanho. A foto no é permitida mas o truque é tira-la depois disso eles avisam que nao é permitido....:P


Salvador Dalí
PS: Este quadro denomina-se Rosto del gran masturbador


O orgulho dos campeões


Atracções de rua


Os táxis espanhóis
Fujam deles!!! Em 15 minutos de viagem iamos tendo 3 acidentes... E nas passadeiras pensem bem antes de avançar... Em alternativa surge sempre o Metro. A rede é grande mas de mapa em riste de fácil orientação. As estações são muito pequeninas em comparação às nossas assim como os metros, pequenos e estreitos. O bom é que são aquecidas;) A viagem é mais barata que a nossa!


Dunkin Donuts
O que falta cá em lisboa... A perdição das perdições! Comi um Virus Chocolate e um Chocolate Blanco... E chorei por mais...

About this blog

É mais um Blog de um Homossexual que vive (ou tenta viver) a sua vida. Alguém convicto que a orientação sexual não é uma escolha, que não sou diferente e como tal a descriminação não faz sentido... Será que ainda posso acreditar no Pai Natal??!!

Os que andam por aqui...